A PRINCESA DA ÁFRICA E O REINO DA CORRUPÇÃO
Acusada de enriquecimento ilícito durante a ditadura de José Eduardo dos Santos, em Angola, a mulher mais rica da África e filha do ex-ditador, Isabel dos Santos, acumula um histórico de controvérsias envolvendo o seu patrimônio e a legalidade da sua própria fortuna.
Isabel tem estampado manchetes de jornais e todo o mundo em função das acusações de ter utilizado o poder governamental do seu pai para enriquecer o próprio patrimônio através da estatal angolana Sonangol, que chefiou de 2016 a 2017.
O sucessor da empresa, Carlos Saturnino, acusa Isabel de ter realizado uma transferência bancária milionária logo após deixar o cargo para uma empresa de fachada sediada em Dubai por meio do banco português Eurobic.
Na última semana, 715 mil documentos vazados trouxeram à tona uma riqueza de detalhes dos esquemas de desvios de dinheiro público perpetrados por Santos. Estima-se que a sua fortuna ultrapasse a marca dos dois bilhões de dólares – enquanto a população angolana vive com menos de US$ 2 por semana.
A publicação dos documentos foi realizada pelo Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo (ICIJ, na sigla em inglês). Após a veiculação das matérias, a Justiça de Angola acusou formalmente Isabel dos Santos por crimes de corrupção e enriquecimento ilícito cometidos durante o governo de José Eduardo dos Santos, que durou de 1979 a 2017.