DEMOCRACIA PUJANTE

Diretor da PF admite que Sérgio Tavares foi detido por crime de opinião

Paulo Briguet · 19 de Março de 2024 às 17:28 ·

Em audiência no Senado, diretor de Polícia Administrativa confirma que jornalista português foi retido em aeroporto no dia 25 por ter publicado “manifestações que flertam com a criminalidade”

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, recusou-se a comparecer à audiência da Comissão de Segurança Pública do Senado sobre a detenção do jornalista português Sérgio Tavares, ocorrida no Aeroporto de Guarulhos no dia 25 de fevereiro. Em seu lugar, o diretor-geral da PF enviou o diretor de Polícia Administrativa, Rodrigo de Melo Teixeira. Mas a fala de Teixeira deixou bem claro os motivos que levaram a PF a deter Sérgio Tavares antes da manifestação em defesa do ex-presidente Bolsonaro: o jornalista tem opiniões consideradas inaceitáveis pelo atual regime.

Em sua fala, Teixeira afirmou que “não houve investigação política” sobre o jornalista português, mas apenas um monitoramento de manifestações na internet “que beiram o aspecto criminal e que flertam com a criminalidade”. Em português claro: para a polícia do regime PT-STF, Sérgio Tavares teria cometido crime de opinião – algo que não existe no ordenamento jurídico brasileiro.

Rodrigo de Melo Teixeira disse:

“No caso específico, não há nenhuma ferramenta de investigação política de ninguém. Apenas acompanhamos fontes abertas da internet: Youtube, Instagram, qualquer fonte aberta. Deixando bem claro, a manifestação política e ideológica é o direito dele. Dele e de qualquer outro cidadão na democracia que, graças a Deus, nós vivemos aqui no Brasil. Mas tem manifestações que eu diria que beiram um aspecto criminoso ou que beiram alguma questão ali que flerta com a criminalidade. Como, por exemplo, ataques à honra de ministros da Suprema Corte, que ele faz na rede social dele. (...) Outra questão: quando ele critica a urna eletrônica e diz que ela é fraudada, tangencia em uma situação que a gente sabe, pelo menos com provas e até o momento, que não tem nenhuma legalidade nesse procedimento. Além disso, ele apoia o movimento golpista que houve no dia 8 de janeiro. Ele faz manifestação favorável à invasão de prédios públicos, inclusive aqui, do Senado, do Supremo, da Câmara dos Deputados”.

Restou claro, portanto, que o jornalista português foi acusado de crimes de pensamento e opinião.

Em seu perfil no Instagram, a economista Marina Helena criticou fortemente o fala do delegado da PF:

Absurdo! Diretor admite aos senadores que a PF monitorava opiniões do jornalista português Sergio Tavares. E que o jornalista foi detido por causa de “manifestações da internet”, apesar de não haver nenhum processo ou condenação contra ele no Brasil.

Gente, só ditaduras vigiam cidadãos nacionais e estrangeiros de acordo com a opinião. Não há lei que restrinja a entrada no Brasil de quem tem a crença x ou y sobre ministros ou sistemas eleitorais.

E, ao contrário do que diz o diretor da PF, as pessoas têm toda a liberdade de dizer o que quiserem. Caso um cidadão comum ou uma autoridade se sinta prejudicado pelas palavras, pode prestar queixa por injúria, calúnia ou difamação – e então iniciar o devido processo legal.

Ter opiniões não é crime”.
 

 


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