DITADURA

Elon Musk, Ludmila e Van Hatten questionam a condenação de professora aposentada

Paulo Briguet · 21 de Março de 2024 às 16:14 ·

Bilionário diz que sentença contra Iraci Higashi, de 71 anos, é “preocupante”. Juíza exilada adverte: “Essa história não será esquecida”

O bilionário Elon Musk repercutiu hoje (21) a notícia da condenação de Iraci Nagoshi a 14 anos de prisão em regime fechado por participação nos atos de 8 de janeiro. Iraci, uma professora aposentada de 71 anos e com vários problemas de saúde, deverá passar os próximos anos de sua vida na cadeia após ter sido condenada no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa. Ao tomar conhecimento do caso por meio de uma publicação do perfil End Wokeness, na rede social X (ex-Twitter), Musk comentou: “Concerning” (“Preocupante”, em inglês).

Ex-professora de português, moradora de São Caetano do Sul (SP), Iraci Nagoshi chegou a Brasília de ônibus um dia antes dos acontecimentos de 8 de janeiro para participar de manifestações que contestavam a eleição do atual ocupante da Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. Ela foi presa dentro do Palácio do Planalto, onde se escondeu para refugiar-se das bombas de efeito moral lançadas pela polícia. Não há provas de que ela tenha participado sequer de atos de vandalismo, muito menos de que ela seria parte de uma manobra para derrubar o governo. “Iraci não feriu nem ameaçou ninguém”, informou o perfil End Wokeness.

Mesmo apresentando vários problemas de saúde e sem antecedentes criminais, Iraci Nagoshi passou oito meses presa na Penitenciária da Colmeia. Liberada em agosto, ela teve de usar tornozeleira eletrônica até o dia 4 de março, quando o STF permitiu que ela retirasse o equipamento para ser submetida a uma delicada cirurgia no fêmur. Assim que a cirurgia foi realizada, o tribunal exigiu que o aparelho fosse recolocado, como se Iraci fosse uma criminosa de alta periculosidade.

No seu perfil no Instagram e no plenário da Câmara, o deputado federal Marcel Van Hatten (Novo-RS) comentou o caso de Iraci:

“Pessoas humildes, como uma professora aposentada de 71 anos. Pessoas comuns, que tinham a Bíblia na mão e a bandeira do Brasil nos ombros, são o alvo da ira dos ministros do Supremo Tribunal Federal e estão sendo condenadas a passar dezenas de anos na cadeia. Enquanto isso, criminosos perigosos são postos em liberdade e o maior bandido da história politica brasileira, condenado em três instâncias, foi posto em liberdade para concorrer e assumir a cadeira de presidente do país.

Covardes, desumanos! Que parem de descumprir a lei!”

A juíza exilada Ludmila Lins Grilo também falou sobre o caso:

“14 anos de prisão.

Cumpra-se.

Essa é a história de Iraci Nagoshi, professora que esteve no fatídico 8 de janeiro e que ficou presa no campo de concentração de Brasília por mais de seis meses.

Foi maltratada. Ficou sem os seus remédios de diabetes. Foi obrigada a usar tornozeleira eletrônica depois da liberdade provisória.

No começo do mês, dona Iraci teve sua vida sentenciada.

A ‘perigosíssima’ senhorinha da foto, que poderia ser a avó, a tia, a mãe de qualquer um aqui, defensora das ideias mais subversivas do mundo, foi considerada pelo STF como uma verdadeira “ameaça ao Estado Democrática de Direito no Brasil” e acaba de se tornar oficialmente mais uma vítima da ditadura do judiciário.

DITADURA.

Ninguém quis saber se foi oprimida pela polícia, se sofreu violência, se as algemas apertaram demais os pulsos. Ela teria mais sorte se estivesse armada ou traficando drogas numa boca de fumo qualquer, mas quem mandou escolher o lado errado, não é mesmo?

Dona Iraci, registro nessa mensagem a minha profunda e sincera solidariedade. O meu destino só não foi igual ao seu porque consegui escapar antes, mas saiba que a minha missão como professora é criar no nosso país uma geração de brasileiros inteligentes, preparados e com a força moral necessária para que casos como o da senhora nunca mais aconteçam.

Essa história não será esquecida”.
 

 

 

 


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