MS investiga mortes suspeitas de Febre Oropouche no Brasil; se confirmadas, serão os primeiros casos documentados no mundo
O Ministério da Saúde recomenda evitar áreas com grande concentração de mosquitos, usar repelentes e roupas que cubram a maior parte do corpo, além de manter a casa limpa e eliminar criadouros de mosquitos.
O Ministério da Saúde investiga três mortes suspeitas de Febre Oropouche (FO) no Brasil, ocorridas em Santa Catarina (1 caso) e na Bahia (2 casos). De acordo com a pasta, a doença é causada por um arbovírus, transmitido principalmente por mosquitos. Caso sejam confirmadas, essas mortes serão as primeiras documentadas no mundo pela doença. Apenas neste ano, o país já contabilizou 7.044 casos confirmados ou suspeitos de FO nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Tocantins.
As arboviroses são um grupo de doenças transmitidas principalmente por artrópodes, como mosquitos e carrapatos. Após picar uma pessoa ou animal infectado, o vírus permanece no sangue do artrópode por alguns dias. Em seguida, ao picar outro hospedeiro, o artrópode transmite a doença, semelhante ao que ocorre com a dengue. Segundo o Ministério da Saúde, os sintomas da Febre Oropouche incluem dor de cabeça, dor muscular e nas articulações, além de náusea e diarreia. O diagnóstico do vírus é realizado por meio de métodos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais. A pasta divide o ciclo de transmissões da seguinte forma:
- Ciclo Silvestre: Nesse ciclo, os animais como bichos-preguiça e macacos são os hospedeiros do vírus. Alguns tipos de mosquitos, como o Coquilletti diavenezuelensis e o Aedes serratus, também podem carregar o vírus. O mosquito Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, é considerado o principal transmissor nesse ciclo.
- Ciclo Urbano: Nesse ciclo, os humanos são os principais hospedeiros do vírus. O mosquito Culicoides paraenses também é o vetor principal. O mosquito Culex quinquefasciatus, comumente encontrado em ambientes urbanos, pode ocasionalmente transmitir o vírus também.
Em contraste com o Ministério da Saúde, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) confirmou que as duas mortes no estado são provenientes da FO. As ocorrências foram registradas nas cidades de Camamu e Valença, com vítimas de 21 e 24 anos. De acordo com um estudo elaborado pelo Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e outros órgãos do estado, a FO “já representa surto de grande preocupação para a população”. “Fica claro que a infecção por Orov [FO] pode levar a fenômenos hemorrágicos, como estudos anteriores demonstraram, e o envolvimento hepático pode ser esperado nesta infecção”, diz trecho do relatório.
Paralelamente, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) de Santa Catarina informou que está acompanhando uma investigação conduzida pelo estado do Paraná. O óbito foi identificado pela Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, pois o paciente, possivelmente infectado em Santa Catarina, recebeu atendimento em serviços de saúde no Paraná. A morte foi registrada em abril deste ano. Segundo a nota, 'durante a investigação, foi estabelecido que o local provável da transmissão foi em Santa Catarina, uma vez que o paciente teve registro de viagem ao Estado'.
Para a prevenção, o Ministério da Saúde recomenda evitar áreas com grande concentração de mosquitos, usar repelentes e roupas que cubram a maior parte do corpo, além de manter a casa limpa e eliminar criadouros de mosquitos. “Todo caso com diagnóstico de infecção pelo OROV deve ser notificado. A FO compõe a lista de doenças de notificação compulsória, classificada entre as doenças de notificação imediata, em função do potencial epidêmico e da alta capacidade de mutação, podendo se tornar uma ameaça à saúde pública”, informa a pasta.
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