DESPEDIDA

O mestre, o jornal, a conversão e um adeus

Diógenes Freire · 29 de Julho de 2023 às 02:21 ·

Despeço-me do BSM e dos leitores depois de dois anos de muito trabalho, mais de 2,3 mil textos publicados e um aprendizado que levarei para o resto da vida

Pode-se dizer que a minha trajetória no jornalismo, até agora, se resume exatamente na ordem de acontecimentos como está posto no título deste artigo. Meu último título para o jornal Brasil Sem Medo (BSM) depois de pouco mais de dois anos de muito trabalho, mais de 2,3 mil textos publicados e um aprendizado que levarei para o resto da vida. 

Nunca imaginei que poderia trabalhar no jornal do nosso querido professor Olavo de Carvalho ao lado dos seus alunos mais brilhantes. Considero isto uma grandíssima honra dada a mim por Deus.  

Tive a sorte de ser incomodado pelo professor Olavo desde antes da faculdade de jornalismo. Na época, o nosso querido professor ainda cedia, pacientemente, parte do seu valioso tempo a figuras como Lobão, Felipe Moura Brasil e Danilo Gentili.

Foi num desses hangouts que me apareceu um velho xingando todo mundo, falando palavrão e dizendo verdades com clareza e coragem foras do comum. Creio que muitos de nós fomos impactados por cenas semelhantes protagonizadas pelo professor. 

Depois do primeiro livro comprado (O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota), foi um caminho sem volta. 

Ainda sem coragem de mudar a vida que levava longe de qualquer virtude e cheio de angústias (quase todas superadas depois de assistir às aulas do professor sobre a consciência da imortalidade), a voz de Olavo ficava ecoando na minha cabeça enquanto eu seguia numa profissão diferente daquela que sonhara desde a adolescência. 

De repente me vi diante de um dilema: Recomeçar e correr atrás do sonho negligenciado, que na ocasião significava largar tudo, mudar de cidade e ingressar numa faculdade de jornalismo ou seguir a vida como redator publicitário.  

Felizmente, no cálculo que fiz à época, continuar vendendo ilusões não me pareceu um bom empreendimento para a minha alma a longo prazo. Só depois de um comentário do professor Olavo é que me dei conta que por diversos fatores fui parar justamente numa profissão que é a antítese do jornalismo, que apesar dos maus profissionais continua sendo definido pela busca da verdade. 

Daí em diante foi só confusão. Um rápido vislumbre da depressão e uma curta temporada dentro do protestantismo. Até que, novamente, aparece o Olavo falando dos milagres do padre Pio de Pietrelcina e dando a melhor explicação que já ouvi sobre o papel da Santíssima Virgem Maria no plano de Redenção.

No meio dessa caldeirada, como por providência, aconteceu de cruzar meu caminho com o Cristian Derosa. Professor que virou chefe e amigo. Sempre que preciso fazer um título um pouco mais elaborado, penso: como o Cristian faria?

Foi através do Cristian que cheguei ao BSM, onde tive a primeira matéria publicada no dia 31 de maio de 2021. A pauta era sobre o início da censura às vozes discordantes da imposição das chamadas “vacinas” de mRNA. Mal sabia que o tema ocuparia boa parte da minha produção nos meses seguintes. Censura, experimento médico, apartheid sanitário e toda sorte de abusos de autoridade foram temas recorrentes em minhas matérias.  

No início, foi intimidador escrever no mesmo jornal que o Brás Oscar, Silvio Grimaldo, Bernardo Küster e Paulo Briguet. Sob a edição do Cristian, da Letícia Alves e do Briguet, fomos tocando a vida. Sempre que emperrava em algum texto, meu primeiro socorro era recorrer ao trabalho de um dos três.

No meio da jornada, um abalo. Morreu nosso querido professor. Coube a mim escrever uma breve nota sobre as mais de 500 missas celebradas em sufrágio da alma do Olavo. Um texto simples que me custou muito em lágrimas.   

Seguimos com o trabalho. O jornal continuou apesar dos constantes ataques. 

Quanto mais escrevia sobre os absurdos impostos durante a crise do vírus chinês e era impactado pelo triunfo momentâneo do mal, também crescia a necessidade de reconciliar-me com Deus. Atraído pelo padre Pio e sem conseguir sustentar qualquer argumento que pusesse em descrédito a devoção à Virgem Maria, voltei ao confessionário e à Eucaristia depois de quase 20 anos longe de casa. 

Encerrou-se assim um ciclo, com a mais importante vitória para uma alma. No entanto, para que essa parte da história fosse escrita foi preciso que eu tivesse como companheiros de viagem, além dos já citados, a Yasmin Alencar, Isabella Martins, Daniel Duarte, André Pirajá, Arno Alcântara, Douglas Pelegati, Ana Flávia, João Pedro, Luís Batistela, Rhuan Soletti, Hélio Costa, Vinícius Sales, Fernando de Castro, Fábio Gonçalves e todos os nossos leitores.  

Todos vocês continuarão presentes nas minhas orações. Obrigado, amigos. Foi uma grande honra.

 


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