INTERNACIONAL

Índia investe na autossuficiência militar e busca independência da Rússia e China

Brás Oscar · 8 de Abril de 2024 às 17:41 ·

Projeto começou a reduzir a dependência de armas fabricadas no estrangeiro, deixando a Índia menos encurralada entre as grandes potências militares

A Índia é há muito tempo um dos países que mais gastam em defesa na Ásia, atrás apenas da China. Grande parte destas despesas é necessária para abastecer a enorme força do país de 1,6 milhões de efetivos activos e para atualizar o seu equipamento antigo.

Nas últimas décadas a Índia sempre equipou as suas forças com material militar importado, mas ultimamente começou a tornar-se um exportador de armas.

Esta iniciativa para o país se tornar autossuficiente começou com o projeto “Make in India”, de autoria do primeiro-ministro Narendra Modi.  O “Make in India” fornece apoio estatal à produção militar nacional, mas ao mesmo tempo, reduz as barreiras ao investimento estrangeiro.

Desde a sua independência, em 1947, o território da antiga Índia britânica foi dividido em dois: o Paquistão, constituído por uma população predominantemente islâmica, e a atual Índia, predominantemente hindu.

Após esse marco histórico, começaram a surgir conflitos com o Paquistão em torno da região interfronteiriça da Caxemira. Em pouco mais de um ano, o resultado foi quase 10 mil mortos e dezenas de milhares de feridos. Ainda em 1965, 1971 e outra em 1999 novamente os dois países entraram em conflito.

Foi em 1962, ano em que travou um guerra com a China, em plena Guerra Fria, que a Índia firmou parcerias de importação de armas da União Soviética. Porém, os indianos não eram vistos pelos EUA como uma grande ameaça para o bloco ocidental, com quem também firmavam acordos e parcerias.

A Índia conseguiu a proeza de transitar relativamente à vontade entre o mundo soviético e o mundo ocidental em sua política externa. E ainda faz isso como poucos países asiáticos.

Ao afastar-se agora das importações de defesa, a Índia ganha mais liberdade nas suas interações com os seus antigos fornecedores de armas, especialmente a Rússia e os Estados Unidos.

No último Conselho Superior de Comércio Exterior (Coscex) da Fiesp, realizada no dia 3 de julho de 2023, o embaixador Kenneth Félix Haczynski da Nóbrega, designado para chefiar a representação brasileira na Índia, disse que essa posição historicamente pragmática dos indianos irá garantir que eles ocupem seu lugar como uma grande economia em busca de segurança e autossuficiência em vários setores, como tecnológica, militar e alimentar.

“A Índia é a nova China para o Brasil”, disse o embaixador.

 


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